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Para além da CNTP

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CNTP representa condições normais de temperatura e pressão. Em valores, CNTP corresponde a temperatura de 0°C e pressão de 1 atm. Na física, corresponde às condições ideais. No plano humano, condições ideais são mais do que, temperatura e pressão. Condições ideais pressupõem, entre tantas outras, companhias e trocas. Companhias de todos os níveis de intimidade, cujo ápice é estar com seus amores. Trocas e toques - abraços, beijos, calor, palavras, sorrisos e, por que não, lágrimas. Interações não previstas na CNTP.

Somos seres sociais. A ciência também pode explicar sentimentos e carências com exatidão. Os tempos nos fazem cada vez mais acreditar na ciência, tanto pelas descobertas quanto pela esperança. Ciência que afirma que respeitar o distanciamento social é essencial para superação destes tempos pandêmicos e significa amor. Amor a si, aos amigos, à família, aos outros. Amor a todos. Amor aos amores. São nove meses.

Nove meses de esperança. Nove meses de empatia e sentimento coletivo. Nove meses é uma gestação humana. Quem sabe por isso nasçam tantos sentimentos de esperança. Esperança em uma vacina que conceda a proteção de sair por aí abraçando e beijando, sem medo de ser feliz. Esperança em medicamentos que permitam interferir no medo e na incógnita da manifestação da doença, cuja intensidade e gravidade são mistérios. Não são apenas idosos e portadores de comorbidades que apresentam sintomas graves.

A fúria e a letalidade do vírus são enigmas a serem desvendados. A ciência nos levará à proteção para além da CNTP. Os tempos são de saudade. Difícil de explicar, não apenas semântica e etimologicamente mas, como sentimento. Um sentimento, hoje, dependente da ciência, das verdades mensuráveis e comprováveis por dados e estatísticas. Meu processo, nestes nove meses passou por muitas fases, da esperança que o tempo seria relativamente breve, da desesperança, da resignação, da revolta, do medo, do desespero e, atualmente, um pouco de tudo, acrescido de reesperança. Reesperança que significa esperançar de novo.

Reesperança de que a privação está mais perto de se transformar em confiança. Não virá como um presente de Natal, tampouco de virada de ano. Estas datas, diferentemente de todos os tempos vividos, serão (ou deveriam ser) por amor, de distanciamento social. Celebrações essencialmente de sentimentos, afetos, energias, amor, apesar da distância. Uma mudança de tradição que pode resgatar o verdadeiro espírito natalino - amor e esperança.

Estes são os verdadeiros presentes. Me conforto ante a esperança real, verdadeira e segura de abraçar meus filhos, minha neta, minhas noras, meus amigos. Abraçar demorada, calorosa e intensamente a todos. Abraços que me fazem falta a cada dia, mas que também suportam o meu cansaço, a exaustão, a distância e a saudade de doer. Confio no velho ditado: não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe.

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